As Feiras

Feiras: onde a arte respira entre sorrisos, conversas e cheiros de comida boa

Além das exposições em espaços mais formais, também participo com frequência de feiras literárias e de artesanato. Confesso: eu adoro feiras. Não apenas pela possibilidade de vender meus trabalhos — o que, sejamos sinceros, nem sempre acontece. Às vezes, não se vende absolutamente nada. Mas o que se vive ali vale infinitamente mais do que qualquer transação comercial.

É nesses espaços que a arte se mistura com a vida de verdade. Pessoas de todos os tipos se aproximam para olhar, conversar, se encantar ou apenas passar o tempo. Há quem pergunte o preço, há quem elogie com palavras bonitas, há os que pegam um cartão ou um brinde e seguem adiante. E há também os críticos — e como eu adoro os críticos! Sempre aprendo algo com eles, mesmo quando discordamos. Nas feiras, estamos cercados por gente boa de todos os tipos. Gente que brilha os olhos ao ver um quadro, que compartilha histórias, que te olha com curiosidade e afeto.

Sempre que participo de uma feira, gosto de levar um pequeno conjunto de materiais para fazer uma pintura ao vivo. É uma forma de me conectar ainda mais com o lugar e com as pessoas. Costumo usar, na composição, objetos artesanais do próprio evento: um vaso de cerâmica, uma peça de crochê, uma escultura de madeira. Ao final, presenteio o artesão com um quadrinho, ainda com a tinta úmida, como forma de agradecimento e troca. É sempre uma alegria — principalmente pra mim.

Enquanto pinto, as pessoas se aproximam. Fazem perguntas, tiram fotos, filmam, conversam, compartilham suas percepções. Muitas postam nas redes sociais e me marcam, e essa rede espontânea de afeto é o que faz tudo valer a pena. Volto pra casa com o coração leve, com a sensação de que a arte cumpriu um papel essencial: o de tocar o outro, o de criar pontes.

Alguns críticos de arte mais tradicionais dizem que feiras não são o lugar ideal para um artista, que isso pode “pegar mal”, que o espaço do artista deve ser a galeria, o salão de arte, o circuito oficial. Mas, para mim, só pega bem. Numa feira, estou cercado de pessoas gentis, verdadeiras, generosas. Pessoas que me fazem bem. E a arte, afinal, não nasce disso?

Nas feiras, a gente também tem vizinhos. E que vizinhos! Passamos o dia visitando a mesa uns dos outros, admirando os produtos únicos que cada um criou com tanto cuidado. Compartilhamos histórias, experiências, receitas, risadas. Fazemos amizades que, muitas vezes, seguem para além da tenda. E quando a feira acaba, fica sempre um vazio — aquele tipo bom de tristeza que mostra o quanto valeu a pena estar ali.

As feiras são assim: cheias de gente feliz, ambientes agradáveis — até os críticos entram nessa onda! — e uma energia vibrante que nos lembra do verdadeiro sentido da arte. As vendas, quando acontecem, são só uma consequência do carinho, da entrega e da generosidade que levamos a todos os visitantes. Ah, e tem outro detalhe inesquecível: as comidas. Maravilhosas. Parte do banquete sensorial que só uma feira sabe oferecer.

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